12 de setembro de 2015

Como acontecem as manipulações de resultados no UFC?

Esqueça aquela antiga teoria de que os lutadores vendem lutas; próprio ranking da maior organização de MMA do mundo indica quem vai sair vitorioso do octógono em quase 90% dos combates

Enquanto assistia a edição 191 do UFC, no último sábado, fiquei pensando: qual seria a porcentagem de combates que, atualmente, acabam com a vitória do atleta que está pior colocado no ranking do UFC?

"Feito": O peso galo Aljamain Sterling, que em abril deste ano não estava ranqueado, venceu Takeya Mizugaki , o número 6 do ranking, no UFC on Fox 15.


Diante desta questão realizei uma grande pesquisa, utilizando como base os confrontos que foram disputados de janeiro até agosto de 2015. Para descobrir o que chamei de “índice de surpresa no resultados das lutas”, que acontece apenas quando um lutador em pior colocação no ranking (ou quando o lutador ainda nem está ranqueado) vence um adversário em posição superior na classificação do UFC, analisei somente combates em que, no mínimo, um dos competidores estavam ranqueados na época em que a luta ocorreu.
Os números apontam que na imensa maioria dos casos, o lutador melhor classificado no ranking do UFC é quem volta com a vitória para casa. De 333 lutas realizadas em 2015, apenas 39 acabaram com o atleta que estava em posição inferior na classificação vencendo. Ou seja, somente 11,71% das lutas acabam com alguma “surpresa”. O resto é só seguir o próprio ranking do Ultimate para saber quem será o vencedor.


“Surpresa”: Andrei Arlovski, na época 8˚ do ranking dos pesados, derrotou o 3˚ colocado, Travis Browne, em maio, no UFC 187

Para entender melhor esse índice também é preciso analisar qual é a média de lutas que contam com lutadores ranqueados pela organização. Até o fim de agosto deste ano, foram 116 lutas disputadas com atletas ranqueados, o que equivale a cerca de 34,83% do total de combates. Sendo assim, podemos afirmar que mais de 65% dos confrontos do UFC são disputados por atletas que não fazem parte da classificação oficial da franquia. Um número surpreendentemente grande, mas que também aponta o motivo pelo qual o índice de “surpresa” nos resultados ser tão baixo. Caso análise fosse restrita somente ao número de lutas em que atletas ranqueados se apresentam, o "índice de surpresa nos resultados das lutas"poderia cair de 11,71% para 33,62%. 

Fator "surpresa" no UFC em 2015
Acompanhe a porcentagem de lutas, em cada mês, onde atletas em posição inferior no ranking do UFC venceram adversários melhores classificados:
  • JAN – 6,5%
  • FEV – 18,75%
  • MAR – 16,66%
  • ABR – 20%
  • MAI – 6,38%
  • JUN – 11,62%
  • JUL – 8,62%
  • AGO – 10,52%


Conclusão: No título do texto, me referi a palavra manipulação, porém a palavra certa a ser utilizada neste caso é previsibilidade. Quando se sabe que o lutador pior classificado tem apenas pouco mais de 10% de chance de vencer fica fácil prever os resultados. Os números também mostram que o número de lutas com atletas ranqueados no UFC ainda é muito pequeno: 116 de 333 realizadas de janeiro até agosto de 2015. Isso interfere para que o "índice de surpresa nos resultados das lutas" seja pequeno. O ideal para corrigir essa distorção seria aumentar o número de lutas com ranqueados, ou apresentar um ranking paralelo com lutadores de uma suposta, série B, do UFC. Aumentando a probabilidade do imprevisível acontecer, o MMA gera mais debate e ganha força junto aos fãs, algo que seria importante para o esporte.

Saiba mais
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